quinta-feira, 2 de agosto de 2018

A ESPERTEZA DA DONZELA


Estórias

          Gosto muito de ouvir e de contar estórias.  Penso que uma boa estória é sempre um estímulo à leitura, e faz bem ao nosso espírito.  Me lembro de uma estória, que ouvi faz muito tempo.  Não sei o nome do autor e nem o título desse conto, sendo assim, eu tomo a liberdade de renomeá-lo como "A Esperteza da Donzela", e vou recontar essa estória à minha maneira, e com minhas palavras.


          A estória se passou em um lugar qualquer, talvez no oriente, num tempo em que existiam mercadores, isto é, homens que se dedicavam a comprar e revender mercadorias, como tecidos, tapetes, objetos de ouro e prata, objetos de couro, enfim, variedades.

          ... Há muitos e muitos anos, havia pois, um mercador que vivia em sua modesta casa, com sua única filha, uma linda donzela, que lhe ajudava nos negócios.  Mas, esse homem ficou devendo uma grande soma em dinheiro para um velho e asqueroso agiota.  E esse velho sovina no entanto, estava apaixonadíssimo pela filha do mercador.

          Sendo assim, ele fez uma proposta (indecente) ao pai da menina:  ele perdoaria a dívida do mercador, se em troca pudesse ficar de posse da sua linda filha.  Tanto o mercador quanto a sua filha, ficaram indignados com essa proposta, e externaram veementemente a sua recusa à ousadia desse credor desavergonhado (cara de pau).

          O insistente velhaco fez então outra proposta (uma "treta"):  deixar que a sorte decidisse a questão.  Ele (o agiota), colheria duas pedrinhas no jardim do mercador;  uma pedrinha branca, e uma preta, e as colocaria dentro de uma sacola.  A jovem donzela deveria enfiar a mão na sacola e pegar uma das pedras.  

          Se a menina pegasse a pedra preta, ela se tornaria sua esposa e a dívida do pai seria perdoada. E, se a menina pegasse a pedra branca, ela ficaria com o pai e a dívida também seria perdoada.  Mas, se a jovem se recusasse a pegar uma das pedras, o seu pai iria para a prisão, por não poder pagar a dívida.

          Cruelmente pressionado, o mercador não teve outra saída senão concordar com a proposta do seu opressor.  A moça no entanto, muito desconfiada, não despregou os olhos do agiota, e percebeu que ele colhera duas pedras pretas, colocando-as na sacola.  Em seguida, pediu que ela retirasse a pedrinha que decidiria o seu destino.

          A jovem obedeceu:  enfiou a mão na sacola e tirou uma das pedrinhas, segurando-a, mas fingindo-se atrapalhada, deixou cair a pedrinha.  O chão estava cheio de pedras, e portanto a sua pedrinha se perdeu no meio das outras. 

          Muito esperta, a jovem se lamentou: - "Oh, que desastrada eu sou!  Deixei cair a pedrinha!  Mas não importa, se o senhor olhar dentro da sacola, saberá qual foi a pedrinha que eu peguei, pela cor daquela que ficou".  Evidentemente, a pedrinha da sacola era preta, concluindo que ela teria tirado a pedrinha branca, significando a sua liberdade e o perdão da dívida do pai. 

          O agiota era sovina, mas não ousaria revelar sua trapaça, ou poderia também ser preso pela sua desonestidade.  E assim termina essa estória, "bunidimais" (bonita demais) revelando a inteligência e a esperteza da donzela.
O Mercador e o agiota

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