![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgT8n9U8DXBRUKFXAod1CMvm9vDhpc9FO7wQLyd0XKTuhota3MGdHMBB2qd0U3cgBzAMoNmhBkyrR6f8c_JGfeNok5IIkmYMyzAKH2KjrGVX8ZGFezHzyRurQkBuA5HElIZjNRkV1Lz5rY/s320/Gasparzinho+e+Brasinha.jpg)
"Era um garoto, que como eu, amava os Beatles e os Roling Stones"... Esta música, muito conhecida, inicialmente gravada pelo conjunto "Os Incríveis", e depois foi regravada pelo conjunto Engenheiros do Havaí. É sempre bom recordar, curtir algumas lembranças. Lembro-me de um garoto chamado Sebastião Bento. O Tião Bento, como era conhecido. Só que de "bento", ele não tinha nada. Pelo contrário; era um garoto encapetado. Levado a breca.
Esta música, lembra também a rebeldia que caracterizava a juventude dos anos sessentas, e que afetava os costumes, como as roupas; a mini saia para as meninas, e cabelos compridos para os homens. Geralmente era assim, sem maiores agravos, pelo menos nas localidades distantes das grandes capitais, onde então sim, aí se registravam alguns "happenings".
O Tião Bento era um garoto dessa época. Ele porém, não tinha cabelos compridos, nem usava roupas extravagantes, mas era terrível. Era um rebelde; pichava com giz branco as portas das salas de aula da escola, e todos os dias aprontava as traquinagens mais diversas com os colegas.
Garoto inteligente apesar de tudo, o Tião Bento tinha uma especialidade: inventava apelidos para todos os colegas de escola. E cada apelido, era uma caricatura que apontava para as sutilezas de cada um. Como por exemplo; um garoto que era pobre, feio, matuto, de cabelos mal cortados e portador de um estrabismo; o Tião Bento arranjou-lhe um apelido: era o "Simão Caolho" ; outro garoto, descendente de italianos, era fisicamente gordo, muito gordo, e por isso mesmo, ou seja, pelo seu excesso de peso, o seu caminhar era lento; o Tião Bento apelidou-o de "Elefante sem rabo"; outro coleguinha moreno, bem moreno, de cabelos pretos, era o "Bode Preto"; um garoto, alto e magro, era o "Girafa";
E havia um menino, esse sim, era meio esquisito: crescera mais do que o normal; e embora tivesse mais ou menos uns 12 ou 13 anos, o seu porte físico lhe dava uma aparência de dezoito anos ou mais. Tinha também uma cabeça grande, desproporcional ao restante do corpo. Quando ele brincava, parecia um garoto agigantado em meio às outras crianças de estatura normal. O Tião Bento apelidou-o de "O Troção"...
E assim prosseguia o capetinha do Sebastião Bento, sempre apelidando maldosamente os coleguinhas: o "Bolao", o "Azeitona", o "Dito Surdo", etc.
Mas, tudo neste mundo tem volta: até mesmo no mundo infanto-juvenil. Estávamos nessa época, na 4ª série do Curso Primário. A professora nos dava uma aula de geografia, e falava das Caatingas do Nordeste. Ela explicava que caatinga era um tipo de vegetação do Nordeste semi-árido, e que os sertanejos daquela região, usavam uma espécie de capa de couro sobre as calças, para proteger-se dos espinhos.
Enquanto a Professora continuava com suas explicações, aconteceu que dentro da sala houve uma briguinha. Do tipo bate-boca; entre o Tião Bento e outro garoto. O Tião Bento chamou o garoto de "fedorento". Mas o coleguinha deu-lhe o trôco: - Fedorento é você, CATINGA DO NORDESTE! Nesse momento, todos os meninos da classe cairam na gargalhada, e o apelido pegou. Nunca mais o Tião Bento foi chamado de outro nome. O feitiço havia se virado contra o feiticeiro.
Aquele que antes era só o Tião Bento, a partir daquele instante fora promovido: seria para sempre e merecidamente, o CATINGA DO NORDESTE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário